February 22, 2007

Uma questão de letras






O Público mudou de imagem recentemente, o que permitiu ao mercado de leitores de jornais passar a ter a possibilidade de escolha entre dois Diários de Notícias e zero Públicos. A mudança visa aumentar a quota de mercado, claro, mas sobre ofertas versus interesses do público em geral já João Lopes se debruçou num excelente post, ainda que partindo de dados sobre outros meios de comunicação.

Não era, no entanto, sobre o jornal Público no geral que eu queria falar, até porque este é um espaço no qual os seus editores – e visitantes – procuram visar sobretudo a música. O objecto de estudo deste post prende-se antes apenas com o “novo” suplemento do “novo” Público: o velho Y acabou e deu lugar ao “novo”... Ípsilon.

Se esta “mudança” de título fosse a única, ou ainda que fosse acompanhada por uma alteração no grafismo (mesmo que para pior – como efectivamente foi), “no pasaria nada”. No entanto, o novo formato do Ípsilon espelha de forma altamente eficaz a maneira como o problema abordado no post de João Lopes tem sido tratado por quem “oferece” ‘Arte e Cultura’: desrespeitando quem a “procura” e não tendo pejo em aglutinar tudo o que o seja num imenso amontoado de resumos, enquanto oposto de análise crítica.

Temos então o suplemento Y, que procurava, aquando da sua génese, abordar a música, o cinema e o teatro de uma forma crítica mas fundamentada e cuidada, transmorfado num “novo” Ípsilon que agrega o antigo Y, o não menos importante antigo suplemento literário Mil Folhas (entretanto extinto) e aos quais ainda acrescenta uns restos de Arquitectura e Design. Basicamente, a ‘Arte e Cultura’ é tratada como um bolo ao qual não é reconhecido uma importância relevante na sua generalidade, quanto mais a cada uma das suas “fatias” individuais, e para o qual a atenção a dispensar se pode agrupar num suplemento único oferecido à sexta-feira.

No caso específico da música, e olhando exclusivamente para a página que nos traz as reviews dos álbuns da semana em questão, temos agora um agrupamento de todos eles numa página única com cinco ou seis colunas (uma arrumação a fazer lembrar o melhor da crítica musical da Maxmen ou da FHM), tendo sido também abandonado o sistema dos números de 0 a 10 para abraçar o sistema das estrelas – e essa aberração que são as meias-estrelas.

Já não bastava “a nova” Blitz, junte-se este “novo” Ípsilon ao fim do UM... O que é que sobra? Talvez apenas a crua constatação de João Lopes acerca dos números da Marktest sobre o interesse do público na ‘Arte e Cultura’: “não se pode procurar – nem encontrar – o que não está lá.”.

2 comments:

ana said...

Tenho a mesma opinião, foi uma pena ter acabado o Y, que era muito bom. O Ípsilon fica muito, muito atrás :(

Fabiana said...

Tenho-me esforçado para me habituar mas tem sido realmente difícil...