February 28, 2008

Shelby Lynne - Just a little lovin'

Shelby Lynne não inventa, e é isso que a afasta, felizmente, das bafientas divas burguesas. Canções como “You don’t have to say you love me” ou “I only want to be with you” seriam facilmente arruinadas na voz de uma Celine Dion, que adora exibir os seus dotes vocais em detrimento da música que a acompanha; Lynne, pelo contrário, dá às suas músicas apenas aquilo que é preciso, e deixa-as respirar, sem qualquer marca de exibicionismo.
É a tal diferença entre ter boa voz e cantar bem. A voz certamente que ajuda, mas gente dessa há demasiada neste mundo – como no fado, é a alma que conta, e Lynne tem mais alma que qualquer outra.

February 26, 2008

Lenny Kravitz - It is time for a love revolution

Tenho andado a pensar em algo que seja tão mau para os ouvidos como o último de Lenny Kravitz e talvez uma otite, daquelas tramadas, lá chegue. O homem, além de nos presentear com aquelas baladuchas que já lhe devem sair da boca sem sequer ter de pegar numa guitarra (ouça-se o single “I’ll be waiting”), e aquele rock próprio de um velho que se orgulha de ainda ser rebelde (ouça-se a execrável “Love revolution”), não nos poupa na duração do disco, que é interminável.A sua audição é mais que recomendável se o objectivo for castigar alguém, caso contrário, não há justificação possível para esta perca de tempo.



February 25, 2008

Drive-by Truckers - Brighter than creation's dark

E com “Brighter than creation’s dark” os Drive-by Truckers abriram as hostes. Não pensem que é leviandade minha, já o ouvi vezes suficientes para largar a frase bomba sem ter medo de, mais tarde, me arrepender: este é, definitivamente, um dos discos de 2008, independentemente do que aí venha. De um total de dezanove canções, qualquer uma, tirada ao acaso, nos leva para o que há de mais genuíno na canção americana.
Nada – repito, nada – está a mais, e tudo se conjuga em perfeição numa das maiores homenagens feitas à country, pela via rock. É certo que discos de duração exagerada dão, regra geral, em desperdício. Mas repito, regra geral. Porque “Brighter than creation’s dark” é uma hora e um quarto de vida numa rodela de plástico.

February 20, 2008

Jack Johnson - Sleep through the static

Falar de um novo disco de Jack Johnson é um desafio à criatividade descritiva. É que desde “Brushfire Fairytales”, disco de estreia, podemos dizer exactamente a mesma coisa sobre cada um dos seus sucessores. Que dizer de novo, então, em relação a “Sleep through the Static”? Pouco, muito pouco. A sua grande (e única) vantagem é conseguir ser melhor que a monotonia absoluta que foi “In between dreams”, mas, de resto, mantém-se o tradicional duo guitarra/voz, em registo lento, que quando acelera a única coisa que faz é tocar ao de leve no reggae.
Claro que podemos sempre dizer que Jack Johnson está mais adulto, que mostra maior preocupação com a composição e que o piano dá mais sinais de si, mas isso era esconder o que importa: Jack Johnson está igual ao que sempre foi, e se alguns se podem dar a esse luxo, ele não pode – a sua pop acústica de praia ao pôr do sol é datada, e a sua validade já expirou há muito.


Sons and Daughters - This Gift

Mais uns vindos de Glasgow, os Sons and Daughters estão cada vez mais próximos dos Franz Ferdinand e cada vez mais longe dos Belle & Sebastian. This Gift é um disco simples e directo, cantado maioritariamente em voz feminina, que segue caminho ao longo de doze canções de rock escorreito. Lá fora, com algum exagero, são já muitos os que o gabam. É de louvar a intenção dos Sons and Daughters fazerem um disco para pensar pouco e dançar muito, e é também de louvar o facto de o terem conseguido, o que não se justifica é porem-no nos píncaros do rock moderno.



February 07, 2008

The Magnetic Fields - Distortion

Stephin Merritt, mentor dos Magnetic Fields (e dos Future Bible Heroes, e dos Gothic Archies, e dos The 6ths, e que também actua a solo), merece uma vénia sempre que se fala dele. Além de ter feito uma das grandes obras da música popular chamada "69 Love Songs", de ser o maior romântico vivo e de ser dono de uma poesia inatingível, tem ainda tempo para brincar (eufemismo para experimentar) como aqui acontece, no novo "Distortion". Imaginem as normais baladas goofy dos Magnetic Fields tapadas por um manto de distorção muito shoegazing e aí têm a nova aventura de Merritt. Para não variar, mais que recomendável.