December 22, 2006

Colheita 2006



The Pipettes – We are the Pipettes

São tão pop que bem podiam mudar o nome para The Popettes. Levem-no para um carocha descapotável numa noite de verão e tentem disfarçar o sorriso.



The Arctic Monkeys – Whatever people say I am, that’s what I’m not

A critica Inglesa gosta muito de gritar ao mundo o brilhantismo das suas bandas rock. Raras vezes tem razão. A excepção à regra este ano chegou de quatro putos de Sheffield (um deles, entretanto, já abandonou a banda). Rock rápido e eficaz, sem tempo para descansar. Ah, e tem I bet you look good on the dancefloor, que, só por si, vale mais que o último álbum inteiro dos Oasis.



Gaiteiros de Lisboa – Sátiro

Perfeita junção de tradicionalismo e experimentação, conjugada com uma criatividade única no uso da língua portuguesa.



Anja Garbarek – Briefly shaking

Injustamente esquecida, Garbarek saltou do minimalismo para a quase exuberância pop. Excelente álbum a recompensar o tempo de espera que houve desde Smiling and Waving (2001).



Tom Waits – Brawlers, bawlers and bastards

É certo que não funciona como um álbum de estúdio actual mas, como sempre, a intemporalidade das músicas de Waits conquistam-nos de imediato. Neste caso, Waits até nos presenteia com três discos distintos: os blues de Brawlers, as baladas de bar de alterne em Bawlers e o experimentalismo pós-Swordfishtrombones de Bastards.

December 21, 2006

18 boas razões



... para NÃO comprar Best Of's (ou compilações no geral):



1 - As canções que constam da compilação já foram todas editadas antes. Ou todas excepto uma...
2 - Num Best Of, as canções são melhores do que o quê?
3 - São melhores segundo quem?
4 - Normalmente estão fora da ordem cronológica, perdendo-se assim a óptica evolutiva da banda.
5 - Normalmente só estão incluídos singles. Quer dizer que estes são sempre as melhores músicas dos álbuns donde são retirados? Ou só as mais comerciais?
6 - Se são só singles, qual a necessidade de terem (ainda) mais exposição e tempo de antena?
7 - Se são só singles, já são todas conhecidas. Não será a tendência natural "Esta já conheço, next", "Next", "Next"... "O quê, já acabou?"?
8 - Normalmente as canções mais giras nunca estão em nenhuma compilação.
9 - Supostamente são para os fãs "die-hard". Não é suposto esses fãs terem todos os álbuns da banda?
10 - Raras são as bandas / artistas que têm só um Best Of, o que nos pode fazer divagar sobre a dicotomia (re)visão histórica versus lucro.
10 - Se é o melhor que a banda fez, qual a motivação que fica para descobrir o resto da obra, sabendo de antemão que (supostamente) não há melhor que aquilo?
11 - Custam sempre mais que 20 euros. (Praticamente) Nenhum álbum de originais custa tanto.
12 - Normalmente o artwork presente no booklet ou na capa é nulo. Tal como a presença das letras.
13 - É habitualmente um sinal de decadência. Raros são os casos de Best Of's no auge de uma banda.
14 - Não são álbuns, na medida em que não têm uma visão artística.
15 - O pior álbum de originais de uma banda consegue ser melhor que o seu Best Of.
16 - Saem no Natal. É sempre de desconfiar de alguma coisa que saia regra geral no Natal.
17 - Nada contra os U2 (óbvia inspiração para este post). Mas há mesmo necessidade de / razões para compilações de 4 em 4 anos?
18 - Como diria John Cleese em Life Of Brian, "What's the point?!"?

December 12, 2006

Não foi preciso esperar até à idade adulta


O buzz à volta do segundo álbum dos Junior Boys já vinha sendo grande desde há algum tempo antes do seu lançamento. Os elogios abundavam por onde quer que se fosse procurar, e após várias e extensas audições de So This Is Goodbye pode-se concluir que não eram nem são desmesurados.

Não conhecia (tal como continuo sem conhecer) o trabalho prévio deste duo canadiano, Last Exit, logo este foi um álbum a escutar e avaliar sem pré-concepções ou expectativas pré-definidas que pudessem vir a ser defraudadas após a audição dos seus quase 50 minutos de duração espalhados ao longo de 10 faixas.

Num registo electrónico pautado pelo equilíbrio das batidas, que alternam entre uma mera e tímida presença ao longo de toda uma música e uma importância mais visível na construção da própria melodia (onde se tornam inclusivamente em algo mais próximo do "batimento cardiaco" da música, na medida em que é delas que esta depende para funcionar), e uma calma conjugação de uma larga e variada panóplia de sons, nem todos eles de origem electrónica, tudo isto pontuado com a fragilidade segura (uma vez que é apenas aparente) das vozes de Jeremy Greenspan e Matt Didemus, os Junior Boys conseguem uma das grandes supresas deste ano, premiada com momentos sublimes como "Count Souvenirs", "In the Morning" ou "FM".

Um álbum que merece uma maior atenção e exposição do que aquela que lhe foi reservada até agora, e que tem o mérito de conseguir fazer muito com pouco e apresentar uma complexidade considerável nas construções musicais a partir de uma simplicidade de métodos.