November 27, 2007

O Josh é bom companheiro

Ontem na Aula Magna tivemos direito a um Josh Rouse infelizmente doente, e em clara gestão de esforço. Foi o menos bom dos seus três concertos em Lisboa, ainda que o público tenha estado melhor que da vez anterior nesta mesma Aula Magna - de certeza que ajuda o facto de desta feita a sala ter estado a cerca de 85% da capacidade máxima.

Ainda assim o concerto teve os seus momentos (todas as de 1972, "Streetlights", "It Looks Like Love", "Feeling No Pain" ou "Caroliña", por exemplo). E, quanto mais não fosse, serviu também para pôr as mãos em Country Mouse Companion, EP de "takeouts" de algumas músicas presentes nos dois anteriores álbuns do cantor, bem como algumas raridades.

Aqui se confirma uma certa "recuperação" da boa forma da veia compositora de Josh Rouse, tanto nas novas músicas como nas diferentes versões de outras já editadas: apresentam-se, no geral, com arranjos mais minimalistas, menos trabalhados, e no entanto mais melódicos e que acabam por funcionar de forma bastante satisfatória.

Das primeiras audições ficou no ouvido principalmente a fantástica "Kuzbass", cujo ambiente mais melancólico e introspectivo proporcionado pelo violino a acompanhar a voz e guitarra acústica de Josh Rouse acaba por funcionar em pleno nesta altura mais fria do ano. A nova versão de "It Looks Like Love" e o instrumental "Snowfall" merecem também uma referência num EP que se distingue principalmente pelo seu equilíbrio como um todo, e que parece querer ilustrar (por oposição aos últimos trabalhos do cantor) o Inverno segundo Josh Rouse.

November 22, 2007

Ecos de Terras do Tio Sam

Após quase três semanas divididas entre Chicago e NY (e 25 CDs depois), o regresso à Pátria Lusa.

A primeira coisa que merece referência é a diferença de preços entre os CDs aí comprados e os que são praticados em qualquer loja neste cantinho à beira-mar plantado: o máximo pago foi de 15 $, que actualmente corresponde a uns meros 10 €, e apenas porque se tratava de uma Virgin MegaStore e de álbuns muito recentes, tal como “Magic” do Boss ou “Chase This Light”, o último trabalho dos Jimmy Eat World.

A segunda menção vai para a Tower Records: lojas em NY “viste-as”. Aquelas que sabia onde ficavam fecharam, e ninguém soube dizer onde eram ou sequer se exisitam actualmente...

E finalmente, uma nota de profundo desagrado para a mudança de mãos dos cinemas no Alvaláxia, da Millenium para a Lusomundo. Mudaram os horários das sessões, mudou a lógica de filmes a exibir (lembro-me da exclusividade com que a Millenium soube trazer a Lisboa filmes como “Saraband” ou, mais recentemente, “A Casa Nostra”; “Domino” estreou numa semana e saiu na seguinte; “Control”, que tinha sido exaustivamente anunciado pela Millenium, não mereceu sequer aposta por parte da Lusomundo – aliás, este assunto era suficiente para um post per se, não é admissível que em Lisboa quem queira ver o filme tenha apenas duas salas à disposição)... A Lusomundo não teve tacto suficiente para perceber que o Alvaláxia não é mais um Colombo ou um Vasco da Gama e limitou-se a “adaptar” a fórmula que aplicou nesses dois centros às salas que adquiriu. Pois bem, perderam o meu King Kard. Não há proximidade de casa que compense este tipo de tiros nos pés.

Seguem-se algumas palavras sobre os CDs provenientes do outro lado do Atlântico que fizerem por o merecer, e à medida que houver tempo.

November 17, 2007

Kanye West lançou-se acima da maralha hip hop americana, esse molho de profetas da ostentação, com um olhar crítico e com um mais que justificado desdém pela comunidade. Haviam duas grandes razões que legitimavam a altivez de Kanye: a primeira dava pelo nome de The College Dropout e a segunda por Late Registration. Quem os ouviu sabe, concerteza, que Kanye não era apenas mais um, era o melhor.

No passado mês de Setembro, Graduation chegou às lojas em competição directa com Curtis, de 50 Cent, que resolveu dizer que desistiria da sua carreira musical caso Kanye vendesse mais.
Jogada de marketing ou não, o que é facto é que a disputa resultou, e, no caso de Kanye West, Graduation tem-se mostrado como o seu disco de maior sucesso comercial. Há coisas boas neste Graduation: evita tiques instrumentais normalmente evitáveis nos discos de hip hop, desvia-se do mau hábito de estender a duração do álbum para limites pouco suportáveis, não tem medo do seu lado mais comercial. Funciona. Mas esperava-se mais qualquer coisa, provavelmente sentido de risco. Mesmo com grandes canções como Stronger, The Glory ou Homecoming, falta rasganço à graduação do rapper americano.

November 15, 2007

Como dantes

Os Travis voltaram à estabilidade com um disco pouco surpreendente mas infinitamente melhor que 12 Memories, esse disco maldito onde a banda de Glasgow resolveu afirmar (mal) a sua veia política com canções de um esquerdismo risível – alguém se lembra de Beautiful Occupation?
Este The Boy with No Name mostra aquilo que eles sabem fazer e ponto final. Se querem mais é favor procurar noutro lado.