January 28, 2008

Sia - Some people have real problems

A Australiana Sia não é nova nestas lides. Já esteve com os Massive Attack e com os Zero 7 e anda, desde 2000, à procura de um espaço que seja seu. O novo disco, acabado sair, vem nesse sentido – tem uma soul aloirada misturada com um chillout próprio de fins de tarde. Está algures acima da pop saloia da Dido mas aos calcanhares de uns Everything but the Girl.
É como comer um tufo de algodão doce, à quarta ou quinta dentada já enjoa.


January 23, 2008

Nick Cave & Warren Ellis - Music from the Motion Picture The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford

A reter: a) "The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford" é um dos filmes do ano, b) Casey Affleck tem dez vezes mais talento que o irmão Ben, c) a beleza das imagens do filme de Andrew Dominik faz-se acompanhar por uma não menos bela banda sonora de Nick Cave e Warren Ellis.

Fiquemo-nos pela alínea c), que é a que aqui interessa.

A banda sonora da dupla Cave/Ellis é tudo o que se pode pedir dela: pontua as imagens, posiciona-nos no filme e, apesar de tudo, funciona de forma independente. Composto na sua totalidade por instrumentais, as canções de Jesse James vivem de cordas e piano, melancólicos e quase trágicos, a embalar uma América solitária e ainda dorida da guerra civil. Ouçam The Money Train ou Song for Bob e vejam como a música pode, sozinha, dar um bom filme.

January 17, 2008

A força da vida londrina

O título do álbum, Untrue, adapta-se perfeitamente ao seu conteúdo. Depois de o escutar do início ao fim é impossível escapar à sensação de espanto e não nos rendermos à sua imensa grandeza, de um modo tão automático e irreversível que custa a acreditar que seja verdade.

Com o seu segundo disco, Burial, que continua a preferir permanecer sob a incógnita do anonimato, assina um trabalho que funde o dub e o 2-step com o ambient, resultando numa irresistível amálgama sonora capaz de nos transportar para onde o seu criador deseja – e no caso em questão somos irremediavelmente levados para as ruas de Londres, habitat natural de Burial.

Aliás, muito como no caso dos álbuns de The Streets, principalmente os dois primeiros (Original Pirate Material e A Grand don’t come for Free), – embora aqui, ao contrário do grime que os The Streets tão fielmente representam, e no dubstep enquanto género no qual Burial se insere, a construção lírica seja de somenos importância, confinada a samples alheios posteriormente trabalhados para se enquadrarem nas ambiências sublimemente criadas.

Uma verdadeira pérola. Negra, como a disposição das suas composições, e talvez por isso mesmo ainda mais rara.

January 13, 2008

Black Mountain - In the Future

O nome Black Mountain não vem ao acaso. As canções são montanhosas paredes negras de som eléctrico que se elevam bem acima de nós e nos deixam lá em baixo, minúsculos, a percorrer um qualquer trilho circundante.
In the Future é uma cordilheira de cumes (Stormy High, Angels, Bright Lights) e vales (Tyrants, Stay Free, Night Walks) psicadélicos, bem cravada em terreno que foi, outrora, dos Velvet Undergound. Só temos de nos deixar impressionar pela paisagem.


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