March 12, 2007

A importância da (boa) rádio


Menção agora para um dos melhores álbuns que comprei o ano passado apesar das dificuldades que tive em descobri-lo neste rectângulo à beira-mar plantado, tendo inclusivé sido necessária uma ida a Madrid para o conseguir encontrar...

Os The Radio Dept. são (como não podia deixar de ser, apesar de isto começar a ser um bocadinho repetitivo) provenientes da Suécia. Tema e tempo para uma pequena reflexão: não sabendo ao certo o que se anda a passar por terras escandinavas, alguma coisa terá de ser, uma vez que os grupos de qualidade continuam a surgir que nem cogumelos por aquelas bandas.

Pet Grief é o seu segundo longa-duração, e apresenta-nos um som onde o sintetizador predomina tanto ao nível melódico como rítmico, isto apesar do grupo apresentar guitarras e baixo (não muito) eléctricos a par de uma (calma) bateria. As referências mais próximas acabam por ser os Pet Shop Boys ou os My Bloody Valentine, embora me pareça que os Last Days Of April da última fase também não desfaçam numa afinidade a uma temática e a um ambiente claramente próximos do shoegazing.

O álbum abre de uma forma que nos amarra a atenção por completo e nos deixa sedentos pelo que se segue, e que dificilmente poderia ser melhor: "It's Personal", ou os Sigur Rós em versão electrónica sem que com isso percam uma tranquila embora comovedora acutilância, seguida da faixa que dá nome ao álbum, ou a melhor canção dos anos 80 escrita em pleno século XXI - dançante, desprendida embora com a sua quota parte sombria, plena. Seguem-se depois disso mais dez faixas, entre as quais duas pequenas divagações instrumentais, e nas quais podemos encontrar pérolas como "I Wanted You To Feel The Same" (onde mais uma vez nos lembramos de Sigur Rós), ou as finais "Tell" e "Always a Relief". Até as que não destaco pela música em si, sem que isso signifique que desmereçam ou que as descarte de alguma maneira, justificam o destaque pelo título - caso, por exemplo, de "The Worst Taste In Music".

Os seus (curtos) 37 minutos terminam sem que evitem deixar-nos um leve sabor a pouco, mas no bom sentido: uma vontade que o álbum não terminasse ali, que continuasse e nos desse mais momentos de rara beleza como os que até ali contém.

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