January 03, 2007

And now for something (a little bit) different...

Para primeiro post do novo ano, um post ligeiramente diferente: análises mais curtas e abordando dois álbuns no mesmo post, álbuns esses que dificilmente entram de caras nalgum dos muitos sub-géneros da pop, mas que ainda assim fazem o suficiente por merecer o seu espaço aqui (e nas prateleiras do meu quarto).


Os Deftones dão, neste Saturday Night Wrist, o passo que se deveria ter seguido à obra-prima White Pony, depois da indefinição de rumo apresentada no álbum homónimo que se lhe seguiu e do (sofrível) álbum pelo meio de Team Sleep, o projecto paralelo do vocalista do grupo. Voltamos a ter boas construcções electrónicas a acompanhar as (pesadas) guitarras, num resultado final equilibrado e pontuado pela inconfundível voz de Chino Moreno. Quem for fã da habitual sonoridade dos Deftones não vai dispensar "Beware" ou "Kimdracula", enquanto quem tiver por hábito desconfiar destes norte-americanos vai ser surpreendido pela electrónica pura da colaboração com Annie Hardy em "Pink Cellphone" ou pelo excelente instrumental Nintendiano "U, U, D, D, L, R, L, R, A, B, Select, Start" - quem não percebeu incorre no crime de nunca ter tido um Game Boy ou uma NES...



Em Pratica(mente), Sam The Kid atinge a simbiose quasi-perfeita entre o seu génio criativo de beats e samples, já apresentada no ímpar Beats Vol. 1 - Amor, e a sua parte de rapper declamador de poesia por excelência ("enquanto a maioria faz versos", segundo o próprio), dotado de um flow aperfeiçoado e único, facilmente identificador da sua presença na música. A este equilíbrio entre sons e voz, Samuel Mira junta ainda uma capacidade de crítica que tem tanto de mordaz como certeira (ouça-se o single de avanço do álbum "Poetas de Karaoke"), convidados e colaborações de qualidade a rodos, incluindo registos de spoken word do seu pai na figura do (igualmente poeta) pseudónimo Viriato Ventura, e uma faceta de contador de histórias tanto verdadeiras, como em "Slides (Referências)", como ficcionais, caso do excelente "16/12/95". Conforme se ouve Rui Veloso brincar num sample no final de "Juventude (é mentalidade)", este disco apresenta-nos "Sam The Man: He's not the Kid, he's the Man!".

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